6 de novembro de 2020

DHANURÁSANA: ALEGRIA E DISPOSIÇÃO NO ARCO

 


HUMBERTO J. MENEGHIN


Arquear as costas para trás em um ásana denota atenção e cuidado. E, uma das posturas de extensão e/ou retro flexão das costas, da coluna vertebral, mais praticadas e até apreciada por muitos, quando se pega o jeito, é o dhanurásana, a postura do arco ou da tigela. Prevista no verso 25, capítulo I do compêndio Hatha Yoga Pradipika, o dhanurásana quando praticado corretamente vai contribuir para trazer de volta aquele animo, alegria e a disposição quando alguém, por exemplo, se sente sem aquela vontade de fazer nada ou está muito sonolento logo pela manhã. 

 


Se aventurar diretamente no arco logo bem cedo quando se acorda, sobre aquele tapete que está no chão à beira da cama, que não é o seu Yoga mat, não é assim bem recomendado.

 

Então, sabendo realizar pelo menos três ciclos de uma das Suryas namaskares,  a Saudação ao Sol A, o corpo começará a se aquecer, lembrando-se que o cachorro que olha para cima já irá despertar a inteligência corporal que existe numa postura de retro flexão/extensão das costas.

 

Mas, eu não gosto da Surya Namaskar, não sou um (a) praticante adepto de um Yoga dinâmico. O que eu posso fazer, então, para não ir diretamente no Arco ou Tijela?

A praticante em questão poderá confortavelmente em seu tapete de prática bem estendido ao chão de seu aposento começar com a postura da criança, balásana, para logo após  fazer alguns movimentos felinos do gato, quem sabe três ou seis e então se colocar em uma esfinge ou cobra, valendo até um shalabásana, o gafanhoto, por algumas respirações, para finalmente adentrar em seu Arco ou Tigela (Bow), o que não levará nem cinco minutos.

 

Diante das referidas ações preliminares, o praticante, se não tiver pressão alta ou algum outro incômodo cardíaco, bem como na coluna vertebral que impeça o  estar bem na postura, lembrando que o Arco não é legal praticar após uma lauta refeição, o que deverá ter um intervalo de pelo menos duas horas, as seguintes ações podem ser adotadas para construir o Arco:


  1. O praticante deve deitar-se de bruços ao solo, não diretamente sem qualquer tapete para se proteger da friagem. 
  2. Com os pés e pernas próximos, dobra os joelhos e traz os pés próximos aos glúteos para, então, pegar os calcanhares com as mãos e envolvê-los; enquanto que o queixo está em contato com o solo.
  3. Os músculos das pernas se tensionam para o praticante inspirar, afastar os pés para trás, ao passo que as costas se arqueiam e as coxas se elevam do chão juntamente com o tronco e a cabeça.
  4. Os braços permanecem estendidos, a cabeça vem um pouquinho mais para trás enquanto que o abdômen suporta o corpo em contato com o solo. A contração muscular mais presente é nas pernas, visto que as costas e braços mantém-se relaxados.
  5.  Os bhandas sutilmente estão ativos, o ujjayi pode estar ali também para facilitar a contagem da respiração em relação ao tempo de permanência na postura, e, ainda, o olhar em direção ao ponto entre as sobrancelhas e o Kechari mudra, a língua no céu da boca, fazem a diferença.
  6. Para encerrar a permanência na postura o praticante expira e retorna o corpo ao chão com suavidade.
  7. Com as mãos sobrepostas e em contato com a testa, o praticante percebe os efeitos do Arco por mais algumas respirações e poderá repeti-lo por mais três vezes ou até mais algumas se quiser.
  8. Alguns praticantes após a execução do Arco realizam uma postura de flexão, com certa suavidade; outros mais preferem realizar uma torção para depois fazer outra de flexão. E outros, ainda isso não fazem e logo mais animados começam o dia com uma boa disposição, sem aquela letargia.

 

Com o decorrer dos dias, quem pratica dhanurásana seja inserido numa sequencia preparatória no meio de uma pratica de Yoga ou individualmente percebe que o Arco massageia os órgãos internos, ativando o fígado, pâncreas e as glândulas adrenais, o que equilibra as secreções, sendo um benefício eficiente para quem tem diabetes.

 




Os rins também são tonificados, melhorando também o sistema digestivo removendo as desordens gastrointestinais. Ainda, a postura da Tigela ou Arco, melhora a função dos órgãos reprodutores bem como o fluxo menstrual.

 

O sistema endócrino como um todo é beneficiado, visto que ocorre um estímulo especial na tiróide enquanto o praticante mantém a concentração no chakra que está na garganta. Por sua vez, o Anahata e o Manipura também são trabalhados, ajudando o primeiro a clarear as obscuridades emocionais que possam querer ficar pelo coração.

 

Em relação à coluna vertebral, o dhanurásana, auxilia a diminuir a rigidez, realinhando músculos, nervos e ligamentos, corrigindo também a corcunda. Ainda, consequentemente, a respiração melhora, o que é bom para asmáticos.

 

Lembrando, o dhanurásana, não deve ser praticado antes de se ir dormir, em vista de ser uma postura estimulante, que ativa o sistema nervoso simpático e as glândulas adrenais, o que poderá manter o praticante desperto, nada apto àquela profunda noite de sono.

Harih Om! 

HUMBERTO J. MENEGHIN
é praticante e professor de Yoga em Campinas/São Paulo, Brazil. Tem Formação em Yoga com Pedro Kupfer e estuda Vedanta com Glória Arieira. 

Especializou-sem em Yoga Terapia Hormonal para a Menopausa e Problemas Hormonais com Dinah Rodrigues e também Yoga Terapia Hormonal para Diabetes e Hormônios Masculinos. 

Para o site www.yoga.pro.br escreveu vários artigos e traduziu textos sobre Vedanta de autoria de Sri Swami Dayananda Saraswati com quem já teve o privilégio de estudar nos Vedanta Camps em Rishikesh-Índia

Participou do Teacher Training de Ashtanga Vinyasa Yoga – Primeira Série – com David Swenson, em Austin, Texas, USA. 

Foi colunista do website da revista Yoga Journal Brasil.  Já estudou e praticou com professores de Yoga americanos em seis conferências da Yoga Journal Live New York. Edita e escreve para o blog Yogaemvoga. 

MARQUE PRÁTICAS & WORKSHOPS DE YOGA: humbertomeneghin@yahoo.com.br

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