6 de janeiro de 2013

A YOGA DA FOLHA DOBRADA



HUMBERTO MENEGHIN


Muitos conhecem a postura da criança, balásana, com o nome de Folha Dobrada. No entanto, sem haver qualquer intenção de ridicularizar essa nomenclatura e muito menos aqueles que a adotam, há inevitavelmente certas práticas onde o balásana e outros ásanas de fácil execução que são realizados pelo chão, predominam e se repetem a cada aula. Então, alguém resolveu denominar esse tipo de prática de ásanas como a “Yoga da Folha Dobrada”.

Sendo “Yoga da Folha Dobrada” ou não, esse tipo de prática considerada mais leve e fácil, na verdade, tem a finalidade de ser transmitida àqueles que não conseguem executar ásanas que apresentam certa dificuldade, no que concerne à construção e permanência.





A prática de ásanas do Yoga que é realizada de uma forma mais gentil, não dinâmica, geralmente é feita por idosos e por pessoas que apresentam certas limitações físicas; mas, isso não implica a dispensa ad eternum de posturas que se executam em pé e até algumas que a primeira vista possam ser consideradas difíceis.

Levando-se em conta todos aqueles praticantes que perfeitamente podem passar para um outro estágio na seqüência de ásanas que são apresentados numa aula, os bons professores e professoras de Yoga sabem perfeitamente que para cada postura cuja execução parece ser mais trabalhosa, há adaptações ou uma outra opção que seja viável.

Essas adaptações, na sua grande maioria, contam com o eficiente uso de acessórios que são os props; isto é, blocos, cintos, cobertores, bolsters, que indubitavelmente ajudam o praticante a dar um passo a mais naquele ásana que no momento tem dificuldade, o que alivia qualquer desconforto que possa ser experimentado no físico.




Contudo, essas adaptações não são lembradas com freqüência por certas professoras e professores de Yoga que preferem de uma forma menos arriscada e passível adotarem nas suas aulas posturas de fácil execução, posturas que preferivelmente se desenrolam pelo assoalho propriamente dito e que acabam se repetindo de prática em prática, o que pode de certa forma desmotivar o praticante, levando-o ao abandono.

Isso, no entanto, mesmo que não se queira, acaba transmitindo o conceito de que a professora ou o professor de ásanas do Yoga não aprecia ensinar posturas em que os alunos-praticantes executem em pé e muito menos as que são consideradas “difíceis” a olhos alheios.

Conforme o artigo “Como montar uma série equilibrada de ásanas”, escrito pelo professor Pedro Kupfer,  neste link,  http://www.yoga.pro.br/artigos/911/2/como-montar-uma-serie-equilibrada-de-asanas, há que se considerar três pontos importantes para que uma prática ocorra de forma harmônica.

O primeiro ponto a destacar se refere aos Grupos Posturais, o que engloba propriocepção, flexibilidade articular, fortalecimento muscular, estabilização articular, alongamento ativo, alongamento passivo e relaxamento.

O segundo ponto a ser levando em consideração abrange as Ações da coluna vertebral durante a execução de ásanas, quais sejam: lateralidade, tração, torção, flexão e hiperextensão.

E por fim as Posturas possíveis do corpo: em pé, sentado, deitado, invertido. E, também, alguma que seja desafiadora.

Lembrando, ainda, que as posturas que denotam maior estabilidade, como as sentadas ou deitadas, permitem uma permanência maior, o que não quer dizer que somente essas sejam adotadas numa prática; enquanto as posturas de equilíbrio num pé só, ou sobre as mãos e outras de estabilização ou força pedem uma permanência mais breve. No entanto, deve se levar em conta que uma permanência longa, para iniciantes, gira em torno de dois minutos e uma permanência breve, algo em torno de oito a dez respirações, elucida o referido artigo.



Assim não se ater a uma prática de ásanas que somente se desenrola pelo solo, que se repete com muita freqüência, não se justifica; a não ser em relação a seqüências próprias que visam um determinado fim terapêutico ou a que é direcionada a pessoas com limitações físicas que não as permita inovar.




Desenrolar a folha que está dobrada e dar vazão à ásanas que estão aí para serem experimentados pelos praticantes, noutra perspectiva, deixará, ao longo do tempo, de desmotivar aqueles que estão abertos e prontos a praticarem com harmonia e equilíbrio. E, essa ação cabe ao professor ou professora que saberá direcionar seus alunos dentro dos limites do bom senso.

Harih Om!

Nenhum comentário:

Postar um comentário