9 de julho de 2012

MINHA AMIGA PRATICA YOGA, EU TAMBÉM! – PARTE NOVE



HUMBERTO MENEGHIN


Entrou no palco dedilhando o celular com uma expressão de alegria pelo rosto nem parecendo que estava diante de muitas pessoas para proferir uma palestra. Acomodando-se num trono improvisado, a “mestra” fez um sinal com uma das mãos para alguém que estava pela platéia, enquanto o dileto servidor ajustava-lhe o microfone. Esse alguém, uma mulher baixa, na casa dos trinta, se dirigiu ao palco e se colocou frente a outro microfone. Então, a “mestra” guardou o celular e disse: “A Nandinha, essa é a Nandinha. Fala Nandinha! Fala, filha!”


Olhando para a “mestra” com certa devoção no olhar, Nandinha esboçou um sorriso, prendeu o cabelo para trás com um elástico e frente ao microfone desatou a falar: “Amada“mestra”, Amada “mestra” Indianira Santhi Ma. Nossos ouvidos estão abertos as suas palavras, a sua ditosa sabedoria que a muitos atinge e permite que possamos entender o que nos passa. Esta noite a recebemos com louvor. Muitos que por aqui estão chegam pela primeira vez e com certeza quererão que não seja a última.  Muitos dizem que não devemos nos apegar tanto aos eventos mundanos e muito menos a um sábio, no caso, aqui, uma grande sábia. Isso é verdade, mas ainda não estamos nesse patamar, querida “mestra”. Querida “mestra”, gratidão, gratidão por tudo. Você mudou a minha vida, trouxe luz. E, o que desejo é que a vida de todos vocês aqui presentes esta noite tomem um norte e que as mudanças venham. Namastê!” 




Indianira Santhi Ma retribuiu a saudação de Nandinha trazendo as mãos unidas frente ao corpo e logo depois seu dileto servidor é quem assumiu o microfone por onde a depoente passou, dizendo: “Boa noite meus irmãos.”– todos replicaram o cumprimento de volta e então o servidor da “mestra” recomeçou a falar: “Mestra Indianira Santhi Ma agradece a dileta presença de todos vocês. Estamos hospedados no Hotel Alvorado por uma grande bonomia do Sr. Edélcio e sua equipe que tem nos tratado extremamente bem. Mestra Indianira Santhi Ma, autora de muitas obras que alimentam prazerosamente o intelecto de quem as lê, conta com cerca de treze títulos publicados e todos estão à venda ali fora. Cds com meditações, alguns dvds de palestras proferidas, dentre outras lembrancinhas que todos vocês podem adquirir. Deixamos claro que metade das doações e do arrecadado com a venda destes produtos são destinados a várias Ongs. Procurem a Nandinha, por favor. Quero também informar que em nosso website, vocês poderão tomar conhecimento da agenda de nossa mestra, onde ela estará proferindo palestras, onde estará promovendo retiros e tudo o mais. Acessem. Acessem www. indianirasanthima.com e cadastrem-se para receber as mensagens diárias de nossa diletante “mestra”. Namastê!”



Ouviu-se um aplauso inesperado e então no centro do palco a “mestra” estendia um amplo sorriso aos presentes. Algo em seu pulso esquerdo brilhava, um bracelete ou um relógio dourado, e, Indianira Shanti Ma, começou o seu discurso: “Queria que quem hoje não está aqui, presente se fizesse, quem sabe numa outra oportunidade.”


Pausou por um momento correndo os olhos pela platéia, para depois começar a entoar um mantra que por alguns foi repetido e por outros incompreendido. Após um breve silêncio, Indianira Santhi Ma continuou:

“Bem vindos. Sejam todos bem vindos. Estar com vocês me deixa muito feliz. Hoje, a noite está fria, chove lá fora, estamos no inverno. As pessoas parecem se sentir mais unidas no inverno, não é mesmo? Vindo para cá do aeroporto, encontramos um pedinte que nos abordou, abordou o carro onde estávamos. O pobre coitado queria apenas alguns centavos, um trocado para saciar a fome. Arnoldo meu querido servidor relutou que eu desse esse trocado para o pobre coitado, dizendo que ele logo gastaria a doação com bebida ou outra coisa mais prejudicial. Sim, muitos fazem isso. Então eu disse ao Arnoldo que não deveríamos nos premeditar a julgar aquele pobre coitado que somente queria alguns centavos. Se iria usar para matar a fome ou para bebida, o problema seria só dele e não nosso. Então, estendi-lhe três notas de vinte e lhe disse que fosse feliz.”– silenciou e depois retomou a palavra – “Muitos de vocês podem não aprovar o meu ato, é verdade. No dia a dia parece que nos comportamos como esse pobre coitado, não pedindo um trocado na rua, mas sim pedindo que nossos anseios, que os todos os nossos desejos sejam realizados e que aquilo que nós achamos que não é bom pra nós seja repelido. Não é assim, meus queridos? – pausou novamente – Quantos de vocês aqui não tem problemas financeiros, problemas familiares e problemas com trabalho? Problemas amorosos? Problemas de saúde? Eu quero dizer que isso tudo, todos esses problemas são nos dados para que possamos crescer, meus queridos, crescer como seres humanos e como seres em si, libertos  daquilo que somente irá nos remoer. Você, especialmente você que não consegue se centrar quando alguma coisa  inesperada aconteceu, uma coisa desfavorável eu digo. Todos nós somos passíveis disso. É alguém que puxa o nosso tapete e escorregamos. É alguém que não nos dá crédito quando mais precisamos. Ora vejas, meus queridos. A Lua não brilha sozinha no céu da noite; vocês sabem que ela nada mais faz do que refletir a Luz do Sol, muitos não sabem disso, como não sabem que dois mais dois somam quatro.  – a mestra recebeu um copo de água do servidor Arnoldo e continuou: “Pare de achar que você não vale a pena, que ninguém gosta de ti. Isto não é verdade. Se você não gostar de ti, como aprenderás a gostar de outros? A árvore, a macieira dá as maçãs e não questiona se seus frutos são frondosos e saborosos. Você questionaria se fosse uma macieira? Questionaria?



Após falar por mais alguns minutos, talvez meia hora, a mestra, prestes a findar a primeira parte da palestra, continuou:

“Em meu livro, Sabedoria Expressa, conto muitas estórias sobre pessoas como você, que não estão satisfeitas, que mesmo tendo ou não tendo as coisas que precisam ainda são infelizes. Digo que só existe um meio de sermos felizes: o reconhecimento da nossa plenitude. Sem ela, sem que a reconheçamos, não seremos felizes. A felicidade vai e vem, alternando-se com momentos áridos, momentos infelizes nos quais nos sentimos inadequados. Veja que uma criança presumivelmente é feliz, mas a partir do momento que começa a se ver inserida no meio que vive, absorve os miasmas que a deixa infeliz e assim vai até crescer e tornar-se um adulto cheio de problemas.




Há um vídeo muito interessante circulado pela rede. É sobre aquele fuzileiro americano, um pára-quedista que sofreu um acidente e não mais andou. Ficou preso a muletas, engordou muito e ninguém conseguia convencê-lo a se desvencilhar daquelas muletas. A medicina não o ajudou, nem outras terapias. Mas, quando esse homem descobriu a Yoga, começou a se dedicar a Yoga, meus queridos, em poucos meses a sua vida mudou. Largou as muletas, emagreceu e ficou feliz. Meus queridos, quantos de vocês já não agiram como esse homem, entregaram os pontos, acharam que não tinha mais saída para nada?”

A mestra pausou novamente percorrendo a sala com os olhos e então voltou a falar: “Reflitam sobre isso meus queridos. Faremos um intervalo e voltaremos daqui a pouco.
Namastê!”


Namaste!

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