20 de fevereiro de 2012

YOGA E ESPÍRITISMO



HUMBERTO MENEGHIN


Não é novidade para ninguém, pois entre os que se dedicam a pratica do Yoga alguns são espíritas. Não existe qualquer pesquisa ou estudo sobre isso, no entanto yogis e yoginis espíritas, hoje em dia, não são raros. Mas, até que ponto o Yoga e o espiritismo tem algo em comum? E, será mesmo que tem?

Ele é praticante de Yoga e toda sexta-feira, às vinte horas, participa de uma reunião espírita num Centro Kardecista; uma reunião mediúnica onde se tem contato com as entidades desencarnadas para que elas possam, na sua maior parte, cientificarem que já não pertencem mais ao mundo material, mas sim ao espiritual.



Os participantes de uma reunião mediúnica previamente se preparam durante o dia em que a sessão é realizada; ou seja, aquietam-se, não bebem álcool, não fumam, não discutem, evitam qualquer agitação e alguns até são vegetarianos e também praticantes de Yoga. Outros, no entanto, são espíritas de carteirinha e não dão a mínima atenção a qualquer retidão e mesmo assim freqüentam as reuniões nos centros como se não possuíssem qualquer mácula que seja.

Antes de iniciar a reunião mediúnica, usualmente em um centro que segue a doutrina codificada por Allan Kardec, os componentes do grupo fazem a leitura do evangelho segundo o Espiritismo e comentam algumas passagens.

Posteriormente, quando as luzes são apagadas e uma mais fraca permanece iluminando o ambiente, orações são feitas e o médiuns, aqueles que tem a faculdade mediúnica para entrar em contato com as entidades desencarnadas estão prontos para as comunicações.




Não demora muito e o falatório na sala onde ocorre a sessão mediúnica se intensifica, enquanto os diversos médiuns psicofônicos, que transmitem pela fala as mensagens dos desencarnados, são auxiliados por outros componentes do grupo espírita: os dialogadores/passistas.


A concentração do médium psicofônico pede-se que seja intensa, pois por alguns minutos cede o seu “corpo energético” e não o físico para que a comunicação do espírito desencarnado ocorra; acontecendo o mesmo com aqueles médiuns que psicografam as mensagens ditadas pelos espíritos.




Nem sempre as entidades desencarnadas que aparecem em uma reunião mediúnica são pacíficas como um espírito de Luz ou uma irmã Angélica que traz uma mensagem confortadora eivada de bons fluídos; pois na maioria das vezes surgem entidades menos esclarecidas, espíritos obsessores, que desconhecem que estão desencarnados e andam por aí cheios de perturbações.

Essas entidades, de acordo com ordem divina, se aparecem é por que podem ser esclarecidas e encaminhadas a um outro patamar. E por aí vai o médium, tanto aquele que transmite as mensagens dos espíritos pela fala e pela escrita, auxiliando e também sendo auxiliado, pois a função que exerce, que não deixa de ser uma ação de Karma Yoga, o permite resgatar débitos desta e de vidas passadas de uma forma pacífica e positiva.

Colocando-se à mesa, pronto para a reunião, o corpo físico daquele ou daquela que caridosamente se predispõe ao intercambio mediúnico já está bem relaxado e o processo de concentração se inicia, passando pela abstração das sensações externas, pratyahara, seguindo até dharana, que é o estado de concentração propriamente dito, parando por aí.




Se o praticante de Yoga é espírita ou não, isto não faz qualquer diferença no bom andamento da sua prática e estudo; e, se o médium ou qualquer outro componente de um grupo espírita pratica ou não Yoga, também não irá alterar a ordem dos fatores numa reunião.

Separando muito bem o joio do trigo, podemos dizer que o Yoga e o Espiritismo são ações distintas, pois os que praticam Yoga não recebem espíritos para serem esclarecidos durante uma prática e muito menos se pratica ásanas ou se visa moksha numa sessão espírita.

No entanto, aquele médium que insere a prática do Yoga na sua vida, pode ter uma maior facilidade para abstrair os sentidos, se concentrar, tornando-se mais perceptível e afiado para o intercâmbio com aqueles que se foram.

Harih Om!

6 comentários:

  1. Oi Humberto. Muito legal seu texto, bem leve e verdadeiro.
    Me fez lembrar uma certa vez em que uma pessoa que soube que eu era praticante de Yoga me fez várias perguntas sobre o Yoga até que veio uma pergunta que parecia ser fundamental e a mais importante de todas para ela. A pergunta era: "_Mas Yoga não tem nada a ver com Espiritismo não né?"
    Na hora tomei até um susto, pois pelo que entendi o pastor da igreja dela não via com bons olhos nem uma coisa, nem outra... tentei esclarecê-la como pude e quando fui embora fiquei pensando: ainda bem que ela não porguntou qual minha religião...rsrsrsrs :-)
    Namastê!

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  2. Sectarismos e fanatismos são um atraso na evolução do ser humano, a base de todas as doutrinas sérias, sempre será a ESPIRITUALIDADE.

    O homem nada criou e nem inventou, e sim descobriu, interpretou e colocou de forma intelegível para ele e os demais, se aglutinando em grupos afins a gráu de cultura e evolução.

    O que vem dos VEDAS e outros compêndios sérios, é a essência do da criação do universo, do espírito/Purusa, como queiram que são também só nomes.

    Pode-se e deve-se sim, praticar Yôga e também participar do espiritismo, sempre realçando que em ambos, a questão é entrar na "turma" certa, que sejam sérios, esclarecidos e de mente aberta e respeitosa para os demais.

    Namastê
    Paulo Roberto

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  3. Mas em termos do que defende o vedanta e o espiritsimo? Em conversas com a Profª Glória, fiquei com sensação que ela não concorda com muito do defendido pelo Espiritismo. Para além da parte pratica, que você refere no texto, você encontra pontes entre ambas as visões? Há anos que venho me focando no que é comum entre ambas. Por exemplo, acha que a visão de Brahman do vendante é a mesma de Deus de acordo com o Espiritismo? Obrigada (também sou espírita e estudante de yoga)

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