24 de abril de 2016

YOGA EM VOGA ENTREVISTA – DANY SÁ – 3ª PARTE




HUMBERTO J. MENEGHIN


YVHá pouco tempo, em 2015/2016, você retornou a Mysore, Índia, para atuar novamente como assistente de Sharath Jois, no Shala. Como foi essa experiência desta vez? Isso significa que Mysore tornou-se o seu segundo Lar?


DANY – Estive em Mysore em dezembro/2015 e janeiro/2016 pela quarta vez e me inscrevi para ser assistente do Sharath novamente. Com certeza desta vez eu estava mais à vontade pois eu já sabia como era o esquema da assistência e como o Sharath gosta de trabalhar. A sintonia com ele foi maior, senti também que ele teve mais confiança e segurança na minha forma de ensinar e conduzir os ajustes. Para mim sempre é uma experiência maravilhosa estar ao seu lado ajustando alunos do mundo inteiro, cada uma dentro das suas dificuldades, com corpos, mentes e culturas diferentes, mas compartilhando a mesma energia no Shala. É lindo de ver! Com certeza Mysore se tornou meu segundo lar.







YV – Em Mysore, você ainda teve a oportunidade de ver Amma. Muitas pessoas que recebem um abraço desta Guru, sentem-se muito bem, leves, noutro patamar energético. Como foi esse seu encontro com Amma?


DANY – A Amma tem um Ashram em Mysore e costuma estar lá no mês de fevereiro. Na minha primeira viagem a Mysore tive o privilégio de poder vê-la e receber seu abraço. A energia e a presença dela são muito fortes. O abraço foi muito rápido, não posso dizer que senti algo, mas o momento foi muito especial. Depois do abraço os estrangeiros foram convidados a ficar no palco ao seu lado e isso foi muito gratificante.









YV – Disciplina, muita dedicação e persistência são requisitos para quem quer se empenhar na concretização de um objetivo e até de um sonho. Você acha que pelo fato de alguém começar a praticar Ashtanga Vinyasa Yoga com regularidade consegue tornar-se mais determinado a tornar seus objetivos em realidade? Por que será que muitos empreendedores, pessoas bem-sucedidas, CEOS, e até os que trabalham no mercado financeiro em Wall Street, sem falar de algumas celebridades, adoram praticar Ashtanga? É o segredo do sucesso?


DANY – Como Sharath Jois diz, para praticar Ashtanga precisa de 3 letras D: disciplina, determinação e devoção. A prática é o espelho da vida. Se você é determinado no seu sadhana (disciplina espiritual), com certeza levará esta atitude para seu dia-a-dia. Ouvi de um professor e achei muito interessante que os ásanas do Ashtanga fazem parte da prática de Tapas, que é o terceiro dos Nyamas (observâncias internas).  Através da respiração e dos ásanas ativamos o fogo interno, essa chama que acende nos impulsiona a ir além e de encontro com os nosso objetivos.



YV – Há mais de um ano você inaugurou o seu Shala, no Leblon, Rio de Janeiro. Diante dos inúmeros workshops que você ministra pelo Brasil e até fora do país, como você consegue conciliar a administração da sua escola e as práticas que lá oferece? Continua valendo não praticar durante as Luas Nova e Cheia? Ou muita gente pode ainda não ligar a mínima para isso e vamos a prática porque é o que interessa?


DANY – Inaugurei meu Shala a exatamente há 1 ano atrás e estou muito feliz de poder concretizar meu trabalho no Rio de Janeiro como professora autorizada no método. A rotina é tranquila e consigo administrar bem as aulas durante a semana e os Workshops de final de semana. Naturalmente quando tenho workshop emendo uma semana na outra, non stop! Ufa! Mas é muito bom, não tenho o que reclamar.  O Shala segue a tradição do método como e ensinado em Mysore, por isso não tem aula nos dias de lua cheia e de lua nova. Procuro passar a mesma tradição para os meus alunos pois acho muito importante seguir a linhagem e os ensinamentos dos mestres.








YV – Aerial Yoga, AcroYoga são algumas das variações que apareceram ultimamente em relação ao modo de realizar ásanas. Esses estilos também são acessíveis àqueles que praticam Ashtanga Vinyasa Yoga ou é preto no branco, ou seja, quem pratica Ashtanga não deve praticar nada que não esteja nas séries e nem mesmo uma prática menos dinâmica? Do oposto, há muitos que são adeptos do Hatha Yoga Tradicional e não se identificam com o AYV; no entanto, certas pessoas fazem questão de tecerem críticas nada construtivas ao Ashtanga. Como os Ashtangis devem lidar com esses comentários inoportunos? Ignorar e continuar no caminho da prática é a melhor solução?


DANY – Não tenho o que falar das novas linhas de Yoga, pois nunca pratiquei, mas penso que cada um tem o livre arbítrio de buscar o seu caminho. Acho importante seguir uma escola e um mestre que tenha o embasamento na sua tradição, o “parampara” que é o ensinamento passado de mestre a discípulo, o ensinamento puro; da fonte. Nos dias de hoje temos cada vez mais opções e modalidades, mas o ideal seria escolher um caminho e acreditar nele. A nossa mente já tem tantas distrações... e o Yoga existe para estabilizá-la e não para deixá-la mais confusa. Como Sharath disse numa conferencia: Quando você esta doente, procure somente um médico e acredite nele, se você procurar 3 médicos, cada um vai falar uma coisa e você vai ficar maluco... kkkk 








Felizmente sou bem resolvida com a minha vida e com minha prática de Ashtanga que vai muito além de fazer ásanas, pois isso e apenas uma parte. Praticar Ashtanga significa praticar os oito passos e o primeiro e o segundo passo falam da ética e do comportamento de um Yogi. Sendo assim, não é nada ético falar mal e criticar sem conhecer o método de verdade... por isso não ligo para que os outros dizem.








YV Muitos praticantes só vêm descobrir o Yoga após os cinquenta anos de idade.  Em pouco tempo se apaixonam e passam a se tornar muito comprometidos com a prática e seus ensinamentos. Ok, começar a praticar Ashtanga Vinyasa Yoga aos cinquenta ou a prática não é mais acessível a essas pessoas por o corpo já não ser o mesmo de um praticante que tem vinte e cinco?


DANY – A pratica de Ashtanga é para todos os tipos de pessoas e de diferentes idades, então uma pessoa de mais de 50 anos será muito bem vinda! Com certeza ela não terá mais um corpo de 25 anos , mas terá muita maturidade para entender que a prática vai muito além de fazer ásanas. Se ela pode respirar, ela pode praticar! A série vai sendo ensinada aos poucos de acordo com as possibilidades do aluno e adaptar sempre que for necessário. Se ela não consegue saltar, ela pode caminhar, se ela não consegue fazer a postura de lótus, ela pode cruzar as pernas em sukhasana (postura fácil) e esta tudo bem!  Pela minha experiência como professora, tenho visto alunos mais velhos com muita energia e que progridem rapidamente.










YV – Neste ano de 2016 vamos ter a Olimpíadas no Rio de Janeiro; na Índia já consideram o Yoga como esporte e ainda há campeonatos de ásanas, tanto lá como em outros países. Você acha que a tendência é inserirem de vez o Yoga, melhor dizendo, ásanas, nos Jogos Olímpicos e torná-lo oficialmente um esporte? Ou isso não combina nenhum pouco com que a prática nos traz?


DANY – Não consigo ver o Yoga como esporte...  Para mim é uma filosofia de vida. Mesmo em relação aos ásanas. Os ásanas não são feitos para competição, são feitos para uma busca interna e cada um tem sua trajetória dentro deste caminho.



YV – O professor ou professora capacitada em conduzir práticas de AVY aplica ajustes enquanto os alunos estão realizando as posturas. Ajustes são realmente necessários ou podem deixar de serem feitos?  E o que fazer quando um praticante deixa claro que não quer ser tocado, ajustado, durante uma prática?


DANY – Os ajustes são muito importantes dentro da prática de Ashtanga. O ajuste pode ser de várias maneiras: pode ser tocado ou até falado, pode ser mais forte ou mais sutil. O objetivo do ajuste é orientar o aluno, mas ele não precisa ser feito toda hora. Se um aluno não quer ser tocado, acho importante respeitar, mas geralmente isso acaba mudando com o tempo pois o aluno vai confiando e acreditando no seu professor. Quando existe esta troca, o ajuste se torna uma benção.








YV – Mesmo que um professor ou professora de Yoga tenha praticado muito AVY durante anos e não tenha ido várias vezes a Mysore para certificar-se, mas ministra boas aulas, você acha que isso é válido? Ou, esse professor ou professora, na verdade, precisaria ir direto a fonte para realmente se tornar capacitado?


DANY – Todo professor precisa de um professor. Eu mesma ja ensinava antes de ir para Mysore e ser autorizada, mas tinha meu professor no Brasil, o Matthew, que seguia as tradições do método. O mais importante para ensinar é antes de tudo ter comprometimento com a sua prática e com os ensinamentos recebidos direto da fonte.








YV – Zico é o seu pet, um cão esperto que muitas vezes está ao seu lado em sua casa quando você está praticando. Revele para nós: O Zico se comporta bem quando está com você ou ele não tem parada e algumas vezes você tem que pedir que ele fique quieto?  Vendo você praticar, o que você acha que o Zico diria se pudesse falar?


DANY – Ah o Zico! Relutei muito para ter um animal de estimação, mas acabei me apaixonando...  Quando o Zico era bem pequeno ele atrapalhava minha prática, mas hoje em dia ele já entende e respeita. Geralmente ele dorme, porque minha prática e muito longa, mas quando ele acorda, ele fica na pontinha do mat me observando...eu imagino que ele deve ficar preocupado e me achar meio maluca algumas vezes... kkkk  








YV – Sendo uma praticante e professora comprometida, lídima e de sucesso, naturalmente você tem muitos seguidores nas redes sociais. Então quer dizer que a Dany Sá é uma pessoa bem acessível e que ninguém deve temê-la por conseguir realizar algumas posturas que são trabalhosas? E, quais são os destaques da sua agenda para este ano de 2016?


DANY – Estar nas redes sociais ajuda muito a propagar meu trabalho, mas tudo que eu posto, faz parte da minha realidade. O número de seguidores acontece por uma consequência, só isso! Sou uma praticante de Ashtanga comprometida sim, mas igual a todos e estou neste caminho aprendendo e compartilhando experiências. Os ásanas mais avançados fazem parte do meu processo pessoal, então não tem o que temer! Neste ano de 2016 irei pela primeira vez ensinar na China e será um novo desafio profissional.






Fotos: acervo pessoal de Dany Sá.



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