21 de julho de 2015

YOGA EM VOGA ENTREVISTA - CLAYTON HORTON





HUMBERTO MENEGHIN


YV – Como sabemos você começou a praticar Yoga quando estava na faculdade estudando Filosofia Oriental e sua professora sugeriu que você deveria tentar Ashtanga Yoga e, felizmente, você encontrou o seu caminho e agora você é um ashtangi e um professor de Ashtanga Yoga também. Se você não tivesse seguido o conselho de sua professora, o que você estaria fazendo? Que tipo de ocupação você teria? Você acha que sua vida teria sido a mesma? Algum arrependimento em seu caminho do Yoga ou tudo foi do jeito que você pensou como deveria ser?


CLAYTON – Se eu não tivesse seguido o conselho da minha professora para tentar Ashtanga Yoga, estou certo de que eu teria encontrado o coração do Yoga, independentemente do seu nome ou forma. Sem arrependimentos, tudo é perfeito e o que eu preciso saber aparece no seu tempo.










YV – Antes de ir a fundo na prática e estudos de Ashtanga, você teve aulas de Hatha Yoga e estudou Iyengar também. Que tipo de contribuição essas práticas lhe deram para que agora você possa reconhecê-las como uma base para prática e ensino do Ashtanga Yoga?


CLAYTON – Eu tive uma boa consciência da mente-corpo que veio dos esportes e o Yoga de Iyengar que realmente me fez tomar mais consciência do meu alinhamento. As aulas de Hatha que eu segui me apresentaram ao aspecto espiritual do Yoga. Antes de encontrar o Yoga, eu tive uma infância cheia de lembranças relacionadas a estados mentais e corporais relacionados Yoga e muito tempo sozinho. Quando fiz 20 anos, eu estava exposto ao movimento de espiritualide New Age no norte da Califórnia e eu sabia disso.








YV – Então, quando temos o nosso primeiro contato com Ashtanga há certos ásanas (posturas) que nos mostram difíceis de fazer e talvez nós pensamos: "Eu nunca vou conseguir". Nesse sentido, quais foram as posturas mais chatas e difíceis das séries do Ashtanga Yoga que você estudou, trabalhou e praticou e que agora você está se saindo muito bem? Qual é o bom segredo para lidar com algumas posturas que parecem "impossíveis"? Seria bom ser magro para as séries do Ashtanga?


CLAYTON – As posturas de meio Lotus como os marichasanas foram um pouco desconcertantes e confusas. Lembro-me xingando Richard Freeman durante sua 1ª Série em VHS porque o Marichasana B foi um pouco demais para mim, a primeira vista. Demorou apenas algumas semanas de prática consistente para que eu já fosse capaz de fazer as posturas mais difíceis da primeira série. Algumas posturas você precisa praticar mais e mais, antes de você entender como chegar nelas e fazê-las. Os ingredientes mágicos são paciência e consistência. Uma postura na terceira série tinha literalmente levou-me um ano inteiro para conquistá-la. No meu 36º aniversário, eu finalmente fui capaz de fazê-la corretamente com um sorriso e um toque de humildade.














YV – Procurando  por   um   verdadeiro professor  de
Ashtanga Yoga, você ouviu falar sobre Pattabhy Jois e trabalhando como garçom, economizou dinheiro, vendeu sua 1,967 VW camper van e foi para a Índia, em 1996/1997, por um período de tempo indeterminado. Em Mysore, você teve a grande chance para praticar e estudar Ashtanga com Guruji no "velho Shala" e anos mais tarde com Sharath, em Laxnipuran. Quais são as boas lembranças que você tem ao praticar com Pattabhy Jois naquela época?


CLAYTON – Guruji estava sempre sorrindo. Quando ele tinha alunos ocidentais com maus hábitos e grandes egos, ele gritava com eles muito alto. Mas você podia sentir que não havia raiva verdadeira em sua voz, ele estava apenas tentando ser o guru e acordá-los.

Tinhamos festas, kirtans e encontros ao por do sol no telhado do lendário Cauvery Lodge, grandes almoços no Metropolitan Hotel e muita diversão na piscina do hotel Southern Star.

Ao pôr do sol, bandos de morcegos pretos tão grandes como galinhas voavam sobre o telhado do nosso hotel. Cães selvagens vinham atrás da gente enquanto caminhamos para shala do Guruji às 4:00 am, cavalos selvagens também percorriam as ruas. Não havia telefones celulares, nem muitas motos, sem internet, quase nenhum carro. A Índia era bastante diferente em 1996.



YV – A Cultura, as pessoas e o modo de vida na Índia é completamente diferente da dos Estados Unidos, você ficou muito doente lá. Alguma vez você pensou em desistir de tudo e voltar para casa, apesar de todo o estudo e a prática de Ashtanga Yoga que você teve?


CLAYTON – Não, eu nunca quis ir embora mais cedo do que a minha data de saída. Algumas vezes quando visito Mysore, estou pronto para partir quando o meu mês de prática termina, das outras vezes, eu gostaria de poder ter ficado mais.










YV – Guruji não está mais entre nós, mas ele ainda é uma lenda pois que muitos estudantes gostariam de ter praticado e estudado com ele. Hoje em dia, o seu neto Sharath está em seu lugar a fazendo o mesmo; Enquanto isso muitos professores certificados de Ashtanga Yoga estão pelo mundo dando treinamentos de ensino como você faz o que é uma grande oportunidade para os alunos a aprenderem e praticarem Ashtanga. Mas também temos um lugar de Yoga de marca chamado "Jois Yoga". Muitas pessoas não se importam com isso, mas outros, como alguns professores tradicionais de Ashtanga Yoga não gostaram dessa idéia e são contra este negócio de Yoga. Qual é o seu ponto de vista sobre esta situação? Não estaria o Ashtanga Yoga perdendo a sua essência?


CLAYTON – Eu me sinto que Sharath está levando as coisas a uma boa direção. Ele está autorizando e certificando muitos estudantes e está sendo generoso e amável de uma forma geral. Isso ajuda a manter os alunos e professores envolvidos na suas práticas e ensino. Eu realmente não siga muito Jois Yoga e eu tento ficar fora disso.


Eu não estou, realmente, fazendo tantos treinamentos nos dias de hoje. Se a tradição e a essência do Ashtanga está viva isso deve por estar num contexto de uma forma moderna, tangível. Não podemos ignorar o fato de que é 2015 e que o Yoga tem ganhou grande popularidade em todo o mundo. O que podemos fazer para o Ashtanga não perder a sua essência é repassar os ensinamentos como os aprendemos enquanto cuidamos do aluno que está bem na nossa frente na forma como se apresenta.










YV – Greensufi era um amigo próximo e um guru com quem você teve a grande sorte para entrar em contato e aprender. Quem foi Greensufi? Quais foram os assuntos que ele lhe ensinou que você pode dizer: eu sou muito grato por isso? Você se considera um guru ou você é apenas um bom amigo daquelas pessoas que admira e praticam e estudam com você? E sobre alguns falsos gurus que às vezes encontramos por ai? Você acha que é possível reconhecê-los? Há algumas pistas?


CLAYTON – Greensufi era um personagem misterioso que apenas algumas pessoas tiveram o privilégio de conhecer. Ele nasceu na Índia e viveu muitos anos nos Estados Unidos. Ele me ensinou sobre como escutar, sobre trabalho, meditação e o que significava ser um verdadeiro amigo.

Eu sou um professor de alguns alunos. Guru é uma grande palavra. Eu sou um estudante experiente de yoga com vários anos de experiência de ensino, é isso.
Greensufi costumava dizer: "Os professores falsos atraem estudantes falsos".

Alunos com potencial deveriam perguntar-se: é a linhagem ou o professor que eu estou observando que realmente está interessado em me curar ou ajudar-me a elevar a minha consciência em direção ao infinito e guiar-me para a minha própria libertação?
















YV – A Ciência do Yoga é um livro escrito por William J. Broad e ele também publicou um artigo no The New York Times, em 2012, dizendo que o Yoga pode danificar, destruir o seu corpo. Você acha Broad tem suas boas razões para sustentar esta premissa? Quando uma postura realmente poderia danificar o corpo de um praticante? Ou esta opção não existe?


CLAYTON – Talvez Broad tenha praticado sem um professor qualificado para orientá-lo adequadamente, infelizmente. O praticante machuca o corpo - não a postura. Uma postura pode machucar o corpo quando o praticante força na postura. Não é sábio para forçar demais na postura quando há dor ou calor excessivo e nas articulações. Algumas pessoas praticam e ensinam Yoga como se fosse um esporte. Os alunos geralmente não se machucam se eles estão sentindo o corpo e se movendo para a postura com consciência.










YV – Observando-se tradição, alguns professores de Ashtanga Yoga não praticam durante as fases de Lua Nova e Lua Cheia. Outros não se importam com isso e continuam a praticar. Você mantém essa recomendação ou você simplesmente segue a sua prática regular todas as manhãs, a exceção das segundas-feiras e sábados?


CLAYTON – É legal descansar nos dias de Luas (nova/cheia). Nesses dias, eu tento fazer uma prática mais interna do que ásana.










YV – Sabemos que além do Ashtanga você faz kirtans, cantando e tocando um violão. Há uma vibração especial que vem quando você se entre num Kirtan? Que Deuses ou Deusas hindus você pode sentir uma boa conexão e qual mantra maioria gosta quando você canta?


CLAYTON – Muitas vezes penso na Consciência Suprema e tento ser um com Ela na minha prática. Com Bhakti, eu fui levado em direção a diferentes Deuses ao longo dos anos. Eu tenho uma admiração especial por Shiva, Hanuman, Jesus, o Sol, a Deusa em todas as suas formas e da Mãe Terra.




YV–Você foi o fundador do "Green Path Yoga Studio" em San Francisco - Califórnia, mas agora você passa a maior parte de seu tempo nas Filipinas dando aulas de Ashtanga Yoga, retiros e uma formação de professores em Bali. Além disso, você vai a Europa para ministrar workshops. O que faz as Filipinas um lugar especial para praticar e viver uma vida de Yoga? Você deixou seu coração em San Francisco? Parte do seu coração ainda está no Brasil? Quando você vai voltar para nos ver, ensinar e praticar?


CLAYTON– As Filipinas são surpreendentemente bela com praias e pessoas amáveis. Eu vivo e ensino em Hong Kong agora. Eu não volta para San Francisco já faz algum tempo.Sim, um pedaço do meu coração ainda está no Brasil. Eu viajava para lá todos os anos por um período de 10 anos seguidos. Eu conheci, entrei em contato com muitas almas bonitas, a quem ensinei, ao longo dos anos. Eu tenho lembranças e fotos de conferências, workshops, maha kirtans, praias e retiros surpreendentes. Esses anos que viajei para o Brasil foram uma época de ouro da minha vida. Agora, eu estou gostando de viver na Ásia e eu vou voltar para visitar e ensinar no Brasil, algum dia, em breve. Realmente, me sinto emocionado quando ouço as pessoas me pedirem para voltar.

Obrigado – que Deus abençoe -

Namaste, Clayton.








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