16 de agosto de 2014

MINHA AMIGA PRATICA YOGA, EU TAMBÉM! – PARTE 29




HUMBERTO MENEGHIN


Numa sexta-feira fria e chuvosa, apesar de querer ficar mais um pouco na cama, acordei e no café da manhã comuniquei a tia Auria sobre minha mudança para o apartamento da Claudinha, na semana que vem. A contragosto, essa minha tia, tentando desmotivar, me disse que morar em república só me daria dores de cabeça, mas se eu me arrependesse, me receberia de volta com os braços abertos. Detalhe: para morar com a tia Auria, eu pago oitocentos reais por mês; na Claudinha, talvez eu pague um pouco mais ... Vou me mudar para lá sim! Já está decidido! Quando cheguei ao escritório, enquanto caminhava por um dos corredores, comecei a ouvir passos insistentes atrás de mim, passos que vinham se aproximando, provocando sons audíveis de alguém que pisava firme e forte pelo chão. Então, me virei para saber quem poderia ser:

Era uma mulher muito bem vestida num conjunto preto, casaquinho/saia, acompanhado por um sapato bonito cujo salto ao andar produzia sons de uma personalidade marcante que não passava despercebida em nenhum lugar. Ela esboçou um sorriso para mim e então notei que seus olhos eram azuis quase saltando das órbitas, acomodados abaixo de uma testa grande moldada por um cabelo visivelmente alisado de um tom louro.


De repente, ouvi a porta que dava para um dos banheiros ser aberta e sair uma outra mulher cujo cabelo era bem curto, trajando uma saia colorida que vinha até os pés e um blazer cor de vinho por cima de uma camisa branca. Essa mulher também se aproximou, dizendo um breve “olá”.


Ambas já haviam passado dos quarenta e seus perfumes exalavam aromas muito agradáveis, nada brega, invejei-as! E, então, a que tinha olhos azuis e testa grande comunicou: “Somos as novas contratadas, estamos assumindo hoje. Será que madrugamos?”


Respondi que não, que já estávamos quase na hora de começar, mas que a maioria ainda não havia chegado. E a de cabelo curto devolveu: “Se fosse na Alemanha já estavam pegando duro.”


Elas se apresentaram. A loura cuja testa era grande se chamava Kátia Cristina e a mais baixa com o cabelo curto de um ruivo mais escuro falou que se chamava Ana Luiza. Perguntaram por Walkiria, Dr. Oriovaldo e Paulo Roberto dizendo que em meia hora todos estariam em reunião. Seguimos para sala principal e elas se acomodaram num conjunto de sofá próximo às janelas, enquanto degustavam um expresso feito na máquina.







Marinice apareceu esbaforida pelo ambiente perguntando-me em voz baixa quem eram aquelas duas mulheres. Após informa-la, muito surpresa, ela me disse de volta: “Mas, como eu não sabia disso?!”


Em pouco tempo Walkiria, Miriam Mitiko e Paulo Roberto apareceram e se uniram à Kátia Cristina e Ana Luiza. Rasgaram as sedas uns dos outros e riram de não se sabe bem o que para depois Walkiria anunciar: “A Kátia Cristina será a nossa nova Diretora Setorial e a Ana Luiza a Gestora de Negócios. São muito bem vindas nesta nova fase empreendedora que vivemos. Mais detalhes, depois”.


Enquanto todos iam para a sala de reuniões conversando e rindo, Marinice veio até mim novamente dizendo que não tinha ido com a cara de nenhuma delas. Pois bem, não liguei para isso, mas durante toda a manhã o grupo continuava em reunião para somente ao meio dia e vinte e cinco aparecerem pela sala principal, aparentando estarem mais felizes do que antes. Então, soube que iria trabalhar diretamente com a Kátia Cristina, a mulher com a testa grande e olhos azuis e que a Claudinha iria trabalhar com a outra, a Ana Luiza.  


Kátia Cristina veio até mim e me perguntou: “Você medita?” Respondi que praticava e Yoga e que estava engatinhando na meditação. Ela soltou uma risada ampla dizendo: “Vamos nos dar muito bem, querida! Trabalho no padrão Google, lá eles adotam esse tipo de coisa, a meditação, fiz cursos a respeito: Mindfulness!” Você sabe o que é Mindfulness?” – disse se afastando, sem concluir, dando as costas para mim indo junto com todos os outros para almoçarem.


Na parte da tarde quando retornei do almoço soube que as novas contratadas assumiriam na segunda-feira. Comuniquei Júlia, minha estagiária, sobre elas sugerindo que mudasse o estilo de se vestir para vir trabalhar. Rindo, Júlia deu de ombros não dizendo nada.







Logo que a noite chegou, fui conhecer o apartamento da Claudinha, ali na General Osório, quase perto do Centro de Convivência, mais precisamente no edifício Athenas, décimo primeiro andar, unidade 111. Notei que a porta já estava semi -aberta, pois o porteiro tinha me anunciado pelo interfone.


Ao me aproximar percebi uma movimentação inesperada: um sujeito baixo, moreno claro com um cachecol enrolado no pescoço, trajando uma camiseta onde estava escrito A. & Fitch – New York, surgiu segurando numa das mãos uma xícara grande da cor laranja, feita de cerâmica. Concluí que ele seria o Júnior, o primo da Claudinha e acertei.


Júnior pareceu diminuir os olhos ao me ver e ainda segurando na maçaneta da porta me disse para que entrasse e que ficasse a vontade, enquanto a Claudinha terminava o banho. Gentilmente ele me ofereceu um caldo quente que até então degustava naquela xícara grande, dizendo que eu adoraria.


Simpatizando-me com o Júnior, resolvi aceitar o caldo quente. Em pouco tempo, ele me trouxe uma xícara grande do mesmo tamanho da dele, só que verde musgo, contendo o tal caldo. Experimentei e até que gostei. 


E, sentando-se numa poltrona estilosa na minha frente, cruzando as pernas, Júnior me disse: “Fui com a sua cara, você vai amar morar aqui com a gente. A Keilane chega daqui a pouco, me mandou uma mensagem. Uma graça a KeiKei, linda, minha amiga!!! Olha lá! – dizia apontando para uma das paredes em direção a um pôster grande na parede que estampava a face de uma mulher bonita – A Keikei! Foi eu quem a produziu, foi eu quem a fotografei. Tá um Luxo! Não tá?”


A porta do apartamento começou a se abrir e a Keilane chegou.


Harih Om

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